Deficiência Visual / 26/04/2011 - Centro de treinamento no DF atende deficientes que sonham com vaga olímpica

arco

 

Eles não imaginavam que a vida mudaria dessa maneira. Antes de chegarem à Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), muitos dos alunos que hoje lá estão procuravam apenas um esporte para que desviasse a atenção daquilo que teriam de enfrentar diariamente, normalmente uma recém-adquirida deficiência física. Outros, nem isso. Só foram ao local porque professores ou médicos os orientaram a fazê-lo. 

 

Essa descrença inicial, em muitos casos, ganhou um novo sentido com o tempo. Encontraram no centro de treinamento e no novo esporte a possibilidade de transformação. Hoje, há pelo menos 102 atletas de elite no Cetefe, que se tornou uma fábrica de promessas paraolímpicas.

 

Antes

As deficiências podem ser físicas, visuais, auditivas ou mentais. Segundo o coordenador da Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe) Ulisses de Araújo, é comum receber pessoas com a autoestima baixa, consequência, muitas vezes, das necessidades especiais. Esse desânimo, porém, começa a ser trabalhado logo no início do processo. Cada um que chega ao Cetefe recebe um atendimento individual na escolha da modalidade que deseja praticar — ou até mais de uma —, passando por uma avaliação que mostra se o esporte será compatível com a destreza do novo atleta.
 

Assim ocorre o primeiro contato dos alunos com o esporte, propriamente dito, e suas regras e manhas. As opções de escolha são variadas. Ao todo, há 15 modalidades que os interessados podem praticar: futebol de cinco e de sete pessoas, atletismo, natação, badmington, remo, vela, vôlei sentado, tênis em cadeira de rodas, goalball, tiro com arco, bocha, judô, ciclismo e triatlo.
 

O brasiliense Luciano Reinaldo foi um dos que descobriram um real talento no Cetefe. Em 2008, ele ingressou na natação, mas logo depois foi convidado para conhecer o tiro com arco. E foi nesse esporte que o portador de espinha bífida — uma anormalidade genética que ocasiona um fechamento incompleto da coluna vertebral — redescobriu seus sonhos. Ao seu lado, Diogo Rodrigues, 17 anos, também prata da casa, compartilha o desejo olímpico que os impulsiona, os faz enxergar bem mais à frente. O jovem atleta teve uma das pernas amputada, consequência de um câncer. “Entrei no Cetefe em 2009, por indicação do meu professor. Comecei na natação, mas fiz aula experimental de tiro com arco e gostei do esporte.”

 

 

Durante

Apenas dois meses depois de ingressar no Cetefe, Luciano Reinaldo foi direcionado ao Clube do Exército (parceiro da instituição) para reforçar seus treinos de tiro com arco em um campo que tivesse as distâncias oficiais. Os técnicos acreditaram em seu potencial. “Os que mostram ter mais aptidão e vontade são treinados com foco em campeonatos”, explicou Christian Haensell, técnico da seleção brasileira paraolímpica de tiro com arco e voluntário do centro.
 

“Alguns olham apenas para a deficiência. Nós olhamos para a capacidade que eles têm de realizar uma tarefa e exploramos isso”, defende Ulisses de Araújo. Os resultados não demoraram a chegar. 

 

Em apenas dois anos de prática da modalidade, Luciano, hoje com 32 anos, tem no currículo um bronze e dois ouros — um deles conquistado na semana passada — em disputas brasileiras. “Sempre treino tendo a pontuação das Olimpíadas como meta”, conta, empolgado.

 

Diogo, por sua vez, é mais tímido. Campeão juvenil da modalidade que começou a praticar em 2009, o rapaz usa equipamentos do próprio Cetefe. O centro dispõe de materiais caros, necessários às práticas esportivas, como cadeiras de rodas que chegam a R$ 20 mil. A verba para viagens também não sai do bolso dos atletas, e sim de patrocinadores, do governo e do Comitê Paraolímpico.


O investimento tem dado frutos ainda em outros esportes ensinados no Cetefe. De Brasília, atletas de tênis e de natação embarcam esta semana para a África do Sul e para a Alemanha, respectivamente, rumo a novas disputas. As modalidades são ensinadas em um ciclo: diversos atletas, dispondo de bolsa em uma universidade particular da cidade, formam-se em educação física e se tornam funcionários do centro. Hoje, são mais de 300 trabalhando no local, com carteira assinada.

Depois
 
O apoio dado aos competidores joga os olhos e os objetivos deles para o futuro. Diogo é mais paciente e sabe que o percurso será longo. “Penso em conseguir vaga para 2016”, projeta. Já Luciano tem fé em conquistar um lugar para representar o Brasil nas Paraolimpíadas de Londres, no ano que vem. “Ele cresceu muito em apenas dois anos, tem potencial para conseguir”, acredita Reginaldo Miranda, mais um técnico de tiro com arco e diretor técnico da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTarco).
 
 
“Minha expectativa é grande, mas sei que preciso continuar treinando forte para conseguir a vaga”, resume o atirador. Os professores esperam que ele faça história. “Se o Luciano conquistar a vaga para Londres, será a primeira vez em que o Brasil estará presente no tiro com arco em uma Olimpíada”, destaca Miranda. Antes de Londres, porém, ele já tem uma viagem marcada. Em julho, Luciano disputará o mundial da modalidade em Turim, na Itália.
 
 
Enquanto isso, o Cetefe quer desenvolver novos talentos esportivos. “Temos 22 alunos iniciando no tiro com arco e sete já de alto rendimento. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, só têm um cada”, aponta o diretor técnico da CBTarco. Outras modalidades do centro também contam com atletas com potencial para lutar por vaga em 2016. É com eles que o Cetefe pretende colocar Brasília entre os campeões paraolímpicos.

 
Saiba mais
 
Somando-se as cidades em que a entidade filantrópica atua, estão inscritas 1.033 pessoas, de todas as idades, segundo o último levantamento, realizado no ano passado. Em Brasília, o núcleo localizado no Setor de Áreas Isoladas Sul (Sais) tem 342 alunos praticando atividades físicas. Luciano Reinaldo e Diogo Rodrigues são dois dos brasilienses que superaram as expectativas até mesmo dos técnicos profissionais que são voluntários no Cetefe e já colecionam títulos regionais e nacionais. O sonho, porém, é ainda maior: uma vaga nas paraolimpíadas de Londres no ano que vem.

 
PARTICIPE
Para praticar uma modalidade no Cetefe, entre em contato pelo telefone 2020-3435.
O serviço é gratuito.
 
Fonte: http://www.superesportes.com.br/app/19,66/2011/04/26/noticia_maisesportes,17457/centro-de-treinamento-no-df-atende-deficientes-que-sonham-com-vaga-olimpica.shtml

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